Microsseguros podem ser estratégia de proteção popular

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A tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul em 2024 reacendeu o debate sobre inovação e agilidade na proteção securitária. Em meio à destruição causada pelas enchentes, os seguros paramétricos surgem como alternativa promissora na aceleração de indenizações, enquanto os microsseguros ampliam a inclusão e garantem amparo às populações de baixa renda.

Renato Blasques, especialista em Seguros P&C da REP Seguros, explica que o modelo paramétrico é acionado automaticamente com base em dados objetivos, como índices de precipitação. “Ao contrário dos seguros tradicionais, que exigem vistoria e avaliação de danos, os seguros paramétricos pagam automaticamente com base em índices como a quantidade de chuva registrada”, afirma.

Apesar do potencial, a aplicação em larga escala enfrenta obstáculos técnicos e regulatórios. “A precisão dos dados pluviométricos ainda é um desafio, principalmente em regiões remotas. Além disso, é necessário definir gatilhos justos para garantir a credibilidade do modelo”, aponta Blasques.

Outro desafio reside na conscientização. É notório que muitos produtores rurais e residentes do Sul ainda desconhecem a modalidade. Contudo, por meio de educação e exemplos elucidativos, espera-se um aumento na adesão.

Na outra ponta, os microsseguros oferecem cobertura acessível para populações de baixa renda, especialmente em áreas vulneráveis a desastres. Embora menos de 1% das apólices residenciais cubram alagamentos, o cenário pode mudar com parcerias estratégicas.

As corretoras podem facilitar a contratação; o governo pode subsidiar os prêmios, como já faz no seguro agropecuário; e as organizações da sociedade civil têm papel vital na educação e mobilização das comunidades”, ressalta o especialista. Ele acrescenta que modelos internacionais, o CADENA (México) e o IBLI (Quênia), mostram que apólices simples, automáticos e de fácil adesão podem salvar economias locais após tragédias climáticas.

A tecnologia é essencial nesse avanço. O uso de dados em tempo real (sensores e satélites) permite pagamentos rápidos e precisos. “Além disso, a educação financeira é fundamental. Muitas pessoas ainda não entendem como esses seguros funcionam, então campanhas de conscientização são importantes para aumentar a adesão”, completa.

Os seguros paramétricos têm aplicações amplas: podem cobrir desde atrasos em voos e surtos de doenças até flutuações econômicas e falhas na geração de energia renovável. Esses modelos prometem revolucionar o acesso à proteção, tornando o seguro mais ágil, democrático e preparado para os novos riscos do século XXI.

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